GRAN GESTOR CULTURAL
Jueves, 11 de mayo de 2023
Falleció Luiz Carlos Borges, el Chamamé de luto
Deja un gran legado en la música gaucha de todo el Mercosur y Latinoamerica donde siempre trabajó por el Chamamé.
Morre o músico Luiz Carlos Borges, aos 70 anos
Artista sofria com problemas de aneurisma de aorta
Morreu, na noite desta quarta-feira (10), o músico nativista Luiz Carlos Borges, aos 70 anos. O artista sofria com problemas de aneurisma de aorta, solucionados em cirurgias anteriores, mas sem sucesso na última intervenção realizada, segundo a família.
O músico, que estava internado desde o dia 29 de março no Hospital São Francisco, em Porto Alegre, partiu estando rodeado dos familiares. O velório está marcado para esta quinta-feira (11) no Theatro São Pedro, das 9h às 18h, e será aberto ao público.
Em julho de 2022, Luiz Carlos Borges participou do Playlist, podcast de GZH. Ele contou as histórias por trás das suas principais interpretações, de como ajudou a popularizar o Chamamé e montou uma trilha sonora de sua obra.
Logo após a família confirmar a morte de Borges, a Secretaria de Estado da Cultura (Sedac) publicou uma nota nas redes sociais lamentando o falecimento do gigante da música nativista. "Algumas vezes foi tropeiro e outras foi tropa. Agora, noutras andanças, seguirá vivo em seu legado que já se faz eterno", diz o texto.
Luiz Carlos Borges deixa a esposa, Andressa Camargo, e cinco filhos: Luís Ariano, Naiana, Sibelle, Luizinho e Gregório, além dos netos, genros, sobrinhos e irmãos.
Legado no tradicionalismo
A marca de Luiz Carlos Borges para a cultura gaúcha é incontestável. O artista natural de Santo Ângelo subiu ao palco pela primeira vez aos nove anos de idade, em 10 de outubro de 1962, e nunca mais saiu. De seus 70 anos, 60 foram em cima do palco, onde esteve sempre acompanhado da sua fiel escudeira, a gaita.
Borges foi um dos nomes com mais tempo de carreira na música regionalista, com 35 álbuns, 269 composições e 720 gravações registradas no Ecad, o órgão responsável pela arrecadação e distribuição de direitos autorais no Brasil.
No seu repertório, estarão eternizadas as canções Baile da Fronteira, Tropa de Osso, Florêncio Guerra e Romance na Tafona. Sobre o chamamé, o artista já descreveu o estilo musical como "o jazz do futuro".
— As melodias são lindas, a rítmica é muito bonita e é circunferencial. É um ritmo ternário, que vira seis por oito, o que ajuda a dar esse sentido de circunferência. Ele parece que está na água, sempre arrodeando. A prova é Merceditas, que tem quatro ou cinco acordes, mas dá para fazer um show inteiro com ela. A melodia propõe muitos caminhos, a harmonia é simples, mas pode ser desmanchada de tudo que é jeito sem se descaracterizar, como se faz há muitos anos com Asa Branca, do Gonzagão, por exemplo — comparou ele para a reportagem de GZH em 2020.
O músico também inovou na forma de tocar gaita. Tinha um estilo próprio de conduzir e compor com o instrumento, misturando referências das músicas de baile, das canções homéricas dos festivais e de ritmos como o jazz e o blues. Também foi amante inseparável da improvisação, mas sua característica mais marcante como instrumentista foi a intensidade.
— Eu não sei pegar a cordeona sem ser de forma séria. Não me divirto com o instrumento, eu choro com ele. É esse o jeito que eu sei tocar: chorando por dentro. Penso que se eu acreditar no que estou tocando, com certeza chegarei no coração das pessoas — disse Borges para a reportagem, nas comemorações de seus 70 anos, em março deste ano.
Problemas de saúde
O músico enfrentava problemas de saúde por conta de aneurismas de aorta. Em 2019, sofreu o segundo — o primeiro foi em 2003 — e ficou 85 dias internado no hospital, sendo 70 na UTI.
Dessa vez, foi necessário reaprender a andar, a falar e a viver com autonomia. Diante das limitações físicas, Borges afirmou que sua menor preocupação era a gaita, mas confessou que rezava para que, se um dia pudesse voltar a tocar o instrumento, que fosse para voltar fazendo bonito.
A prece foi atendida. Depois de um período de readaptações, Luiz Carlos Borges voltou aos palcos em julho do ano passado, abraçado na cordeona. Precisou mudar um pouco a forma de tocar, pois ficou com limitação de movimento na mão esquerda, mas seguiu colocando em prática as características que o alçaram ao hall de grandes gaiteiros do país.
Neste período, ele decidiu revisitar o chamado "lado B" de sua obra, revendo canções que há tempos não encontravam a boca e o acordeom do intérprete. Com esta viagem musical ao passado, o artista começou a preparar o show que marcaria a sua volta. O repertório de O Que o Coração me Exige contou com canções intimistas, muitas delas vencedoras de festivais nativistas e com um significado especial em sua trajetória musical.
Borges estava no palco acompanhado pelos amigos e músicos Jonatan Dalmonte (bandoneón e acordeom), Leandro Rodrigues (violão de cordas de aço e acordeom), Neuro Júnior (violão 7 cordas) e Yuri Menezes (violão 6 cordas).
E empolgado como um guri, como falou com a reportagem à época:
— Fui aos poucos me adaptando, até adquirir total confiança. Pensei: esta é a hora, beirando os 70 anos, de me reinventar. Não preciso mais desse impressionismo. Posso tocar notas curtas, notas longas, notas que comuniquem melhor. Harmonia mais dedicada, um pouco, para poder substituir coisas na canção sem perder a condição que a canção te exige — pontuou.
Comemoração dos 70 anos
No dia 25 de março deste ano, Luiz Carlos Borges promoveu uma festança para receber os fãs em um dia inteiro de atividades dedicadas a celebrar os seus 70 anos de vida e 60 de carreira.
O evento, batizado de Chama-me Borges: O que Tem que Ser Dito, contou com 12 horas de programação, das 10h às 22h, com bate-papos sobre música, roda de chimarrão e shows no estilo canja, com nomes como Renato Borghetti, João de Almeida Neto, Daniel Torres, Shana Müller, Joca Martins, Érlon Péricles e Os Fagundes.
De sua trajetória, o músico se orgulhava dos laços criados com colegas da música nativista, alguns deles quase familiares, e do trânsito fácil que tinha com representantes de outros estilos musicais.
— Eu posso tocar com um "índio véio" do rincão a vaneira mais xucra possível e, saindo dali, tocar com Humberto Gessinger, com o Nenhum de Nós ou com uma escola de samba, como já toquei — orgulhou-se, na entrevista de março deste ano.
— A gente pode voar para onde quiser com a arte, desde que tenha um chão para pisar. Eu busco sempre manter um pé na raiz regional. O outro pé pode ir para onde quiser, mas um sempre estará ali. Esse é o cuidado que o Borges com 60 anos de música tem: manter o pé no chão e sempre deixar a sua marca aonde for — refletiu.
En español.
El músico nativista Luiz Carlos Borges, de 70 años, murió en la noche de este miércoles (10). El artista padecía problemas de aneurisma de aorta, resueltos en cirugías previas, pero sin éxito en la intervención libre realizada, según la familia.
El músico, internado desde el 29 de marzo en el Hospital São Francisco, en Porto Alegre, salió rodeado de dos familiares. El velorio está previsto para este jueves (11), en el Teatro São Pedro, de 9 a 18 horas, y estará abierto al público.
En julio de 2022, Luiz Carlos Borges participó del podcast Playlist, GZH. Contó las historias detrás de sus principales actuaciones, cómo ayudó a popularizar Chamamé y montó la banda sonora de su obra.
Poco después de que la familia confirmara la muerte de Borges, la Secretaría de Estado de Cultura (Sedac) publicó una nota en redes sociales lamentando la muerte del gigante de la música nativista. “A veces era tropeiro y otras veces tropa. Ahora, en otras andanzas, vivirá en su legado que ya es eterno”, dice el texto.
Luiz Carlos Borges deja a su esposa, Andressa Camargo, y cinco hijos: Luís Ariano, Naiana, Sibelle, Luizinho y Gregório, además de nietos, yernos, sobrinos y hermanos.
El Legado en el tradicionalismo
La huella de Luiz Carlos Borges para la cultura gaucha es indiscutible. El artista, nacido en Santo Angelo, subió al escenario por primera vez a los nueve años, el 10 de octubre de 1962, y nunca se fue. De sus 70 años, 60 los pasó sobre los escenarios, donde siempre estuvo acompañado de su fiel escudera, la armónica.
Borges fue uno de los nombres con más trayectoria en la música regionalista, con 35 discos, 269 composiciones y 720 grabaciones registradas en Ecad, el organismo responsable de recaudar y distribuir los derechos de autor en Brasil.
En su repertorio se eternizarán las canciones Baile da Fronteira, Tropa de Osso, Florêncio Guerra y Romance na Tafona. Sobre el chamamé, el artista ya calificó el estilo musical como “el jazz del futuro”.
— Las melodías son hermosas, el ritmo es muy hermoso y es circunferencial. Es un ritmo ternario, que gira de seis en ocho, lo que ayuda a dar esa sensación de circunferencia. Parece que está en el agua, siempre dando vueltas. La prueba es Merceditas, que tiene cuatro o cinco acordes, pero puedes tocar todo un show con ella. La melodía propone muchos caminos, la armonía es simple, pero se puede desmontar sin perder su carácter, como se hace desde hace muchos años con Asa Branca, de Gonzagão, por ejemplo – lo comparó con el informe GZH de 2020.
El músico también innovó en la forma de tocar la armónica. Tenía su propio estilo de dirección y composición con el instrumento, mezclando referencias de la música bailable, canciones homéricas de festivales y ritmos como el jazz y el blues. También fue un amante inseparable de la improvisación, pero su característica más llamativa como instrumentista fue su intensidad.
— No sé tomar la cordeona sin ser serio. No me divierto con el instrumento, lloro con él. Así es como yo sé jugar: llorando por dentro. Creo que si creo en lo que juego, seguro que llegaré al corazón de la gente - dijo Borges al reportaje, en la celebración de su 70 cumpleaños, en marzo de este año.
Problemas de salud
El músico enfrentó problemas de salud debido a aneurismas aórticos. En 2019 sufrió el segundo -el primero fue en 2003- y estuvo 85 días en el hospital, 70 de los cuales en la UCI.
Esta vez, fue necesario volver a aprender a caminar, hablar y vivir de forma autónoma. Ante las limitaciones físicas, Borges afirmó que su menor preocupación era la armónica, pero confesó que rezaba para que, si algún día pudiera volver a tocar el instrumento, fuera para volver bien.
La oración fue respondida. Después de un período de rehabilitación, Luiz Carlos Borges volvió a los escenarios en julio del año pasado, abrazado a la cordeona. Necesitaba cambiar un poco su forma de tocar, pues se quedó con un movimiento limitado en la mano izquierda, pero siguió poniendo en práctica las características que lo elevaron al salón de los grandes gaiteros del país.
Durante este período, decidió revisitar el llamado “lado B” de su obra, repasando temas que hacía tiempo que no encontraban la boca y el acordeón del intérprete. Con este viaje musical al pasado, el artista comenzó a preparar el espectáculo que marcaría su regreso. El repertorio de O Que o Coração me Exige contó con canciones intimistas, muchas de ellas ganadoras de festivales nativistas y con un significado especial en su trayectoria musical.
Borges subió al escenario acompañado de los amigos y músicos Jonatan Dalmonte (bandoneón y acordeón), Leandro Rodrigues (guitarra de cuerdas de acero y acordeón), Neuro Júnior (guitarra de 7 cuerdas) y Yuri Menezes (guitarra de 6 cuerdas).
Y emocionado como un niño, como le dijo al reportero en ese momento:
— Poco a poco me fui adaptando, hasta adquirir total confianza. Pensé: este es el momento, acercándome a los 70, de reinventarme. Ya no necesito este impresionismo. Puedo tocar notas cortas, notas largas, notas que se comunican mejor. Armonía más dedicada, un poco, a poder reponer cosas en la canción sin perder la condición que la canción te exige – anotó.
Celebración de 70 años
El 25 de marzo de este año, Luiz Carlos Borges promovió una fiesta para recibir a los aficionados en toda una jornada de actividades dedicada a celebrar sus 70 años de vida y 60 de carrera.
El evento, denominado Chama-me Borges: Lo que hay que decir, contó con 12 horas de programación, de 10:00 a 22:00 horas, con charlas sobre música, mates y espectáculos al estilo sopa, con nombres como Renato Borghetti , João de Almeida Neto, Daniel Torres, Shana Müller, Joca Martins, Érlon Péricles y Os Fagundes.
Durante su carrera, el músico se enorgulleció de los lazos creados con colegas de la música nativista, algunos de ellos casi familiares, y del fácil tránsito que tuvo con representantes de otros estilos musicales.
— Puedo jugar con un "indio viejo" de la esquina lo más salvajemente posible y, saliendo de ahí, jugar con Humberto Gessinger, con Não de Nós o con una escuela de samba, como ya he tocado —se jactó, en la entrevista con marzo de este año.
— Podemos volar donde queramos con el arte, siempre que haya un suelo que pisar. Siempre trato de mantener un pie en las raíces regionales. El otro pie puede ir a donde quiera ir, pero uno siempre estará ahí. Ese es el cuidado que tiene Borges, con 60 años de música: tener el pie en la tierra y dejar siempre su huella por donde pasa, reflexionó.
Fuente: gauchazh.clicrbs.com.br